Facine é Território – De que se constitui o território da Chapada Diamantina? Paisagens, água,
vento,
flora e fauna em exuberância? Cachoeiras, cursos d'água, terra e céu em completude? Pessoas,
lugares, modos de vida? Quantas imagens pairam no pensamento enquanto evocamos o conjunto ímpar
de
características que compõem o imaginário sobre uma das regiões mais especiais da Bahia e do
Brasil?
A Chapada é muito mais do que os olhos vêem, do que as mãos podem tocar. Se aproxima do sabor
percebido por todos os sentidos quando em verdadeira comunhão com cada pedacinho desta terra.
Suas
características de relevo, geografia, geologia, seus animais e a infinita diversidade que
constitui
a sua vegetação são 'apenas' parte do que qualifica esse espaço-recanto no mundo. E sua gente,
aqueles e aquelas que se relacionam com a vida e a sobrevivência no território, registra no
próprio
corpo tudo que acontece ao seu redor: as alegrias e belezas, mas também as grandes e complexas
ameaças, cada vez mais próximas do meio ambiente e das pessoas.
Entre os dias 4 e 13 de setembro de 2025, esse território será palco do 3º Facine - Festival de
Cinema Ambiental da Chapada Diamantina, um encontro de produções e olhares dedicados a repensar
a
conexão vital entre ser humano e meio ambiente. Em seis mostras costuradas por uma linha tênue e
precisa, os filmes escolhidos pela curadoria do festival conduzirão quase instintivamente os
espectadores por uma viagem em busca de entendimento, reconhecimento e reconexão, amparados
pelos
saberes ancestrais que se interpõem à destruição da natureza, e criam formas de recuperação da
vida.
Sob a distinção cuidadosa de Recordar, Resistir, Regenerar, Reflorestar, Retomar e Recaatingar
classificam-se 43 filmes que abordam, sob diversas perspectivas, as ameaças, o enfrentamento à
destruição e a continuidade da existência.
Durante dez dias, 14 cidades da Chapada Diamantina receberão o Facine como uma presença sutil e
respeitosa que busca, mais do que exibir filmes, fazer um intercâmbio de experiências, tanto as
audiovisuais que serão apresentadas, quanto as vivências que cada um e cada uma poderá ofertar
nessa
grande roda de partilha. O cinema será o meio de alinhavar essas vivências e cerzir com linhas
fortes história, cultura, ensinamentos e denúncias.
O festival se constrói com o audiovisual que marca a existência, a correlação imprescindível
entre
pessoas e lugares. Mais, mostra como a natureza está intrinsecamente ligada à história do
território, de forma que a sua degradação é também a destruição da identidade do povo que nele
se
constitui.
O cinema que evoca os povos originários e as comunidades tradicionais instiga a pensar o mundo
com a
visão ancestral de quem primeiro habitou o que chamamos de Brasil e de quem carrega a sabedoria
que
pode mudar a nossa atual realidade de devastação e ameaças.
No fazer cinematográfico de quem produz no território, encontramos não apenas respostas, mas -
ainda
mais importante - as perguntas para nortear um novo e urgente modelo de preservação como forma
de
sobrevivência.
O Facine te convida a repousar na sombra das experiências e histórias contadas, sorver da fonte
da
sabedoria ancestral e, mais importante, entender que é possível lançar novas sementes e
florescer
novas paisagens.
Em que você pode contribuir? Vamos descobrir juntos no Facine?
Alan Lobo
Diretor do Facine